O que fazer se o paciente quiser ir embora da UTI contra a recomendação médica?
1/24/20253 min read
Situações em que o paciente internado na UTI insiste em receber alta contra a recomendação médica são mais comuns do que se imagina. Além dos riscos à saúde do paciente, essas circunstâncias podem resultar em sindicâncias no Conselho Regional de Medicina (CRM), processos judiciais e até desgastes emocionais para o médico ou a clínica.
Por isso, é essencial saber como agir de forma ética, técnica e juridicamente adequada.
O dilema: manter o paciente ou permitir que ele saia?
Imagine um cenário: um paciente de 57 anos, internado na UTI após um infarto agudo do miocárdio, está em monitorização devido à insuficiência cardíaca. Você, como médica(o), recomenda a permanência dele até a realização de um cateterismo.
No entanto, o paciente insiste em ir embora, alegando ter pendências pessoais a resolver.
O que fazer?
Negar a saída sem fundamentos legais pode gerar implicações éticas. Já liberar o paciente sem os registros necessários ou utilizando termos genéricos pode trazer ainda mais problemas futuros.
Como agir para proteger sua carreira e a segurança do paciente?
Aqui estão 4 passos fundamentais para lidar com situações assim:
1️⃣ Avalie as faculdades mentais do paciente
Verifique se o paciente tem plena capacidade de tomar decisões. Essa análise deve ser feita pelo médico assistente e, se necessário, com o apoio de um psiquiatra ou neurologista. Certifique-se de que não há coação externa (por terceiros) ou interna (como depressão grave) influenciando a decisão.
2️⃣ Explique os riscos de forma clara e acessível
O dever do médico de informar e o direito do paciente de ser informado são fundamentais. Esclareça sobre o quadro clínico, os riscos de deixar a unidade, as consequências da decisão e as alternativas disponíveis. Use uma linguagem simples, que o paciente e seus familiares compreendam.
3️⃣ Registre tudo no prontuário
Um prontuário bem elaborado é a sua maior proteção. Inclua:
A avaliação da capacidade mental do paciente;
As orientações dadas e os riscos explicados;
As razões apresentadas pelo paciente para a recusa;
Todas as medidas tomadas para minimizar os riscos.
Atenção: Evite termos genéricos como "alta a pedido". Um termo detalhado tem maior peso probatório em casos de sindicâncias ou processos judiciais.
4️⃣ Entregue um relatório médico detalhado
Antes de liberar o paciente, elabore um relatório que contenha:
Quadro clínico atualizado;
Exames realizados;
Tratamentos aplicados e recomendados;
Motivos apresentados pelo paciente para a alta contra recomendação médica;
Instruções sobre os cuidados a serem seguidos após a saída.
Esse relatório é essencial para garantir que o paciente tenha informações claras e para respaldar futuras decisões médicas, caso ele retorne ou procure outra unidade de saúde.
Por que esses passos são tão importantes?
Além de proteger a saúde do paciente, seguir esses passos é essencial para resguardar sua carreira. Documentação detalhada e transparente tem presunção de veracidade e pode ser decisiva em sindicâncias no CRM ou em casos judiciais.
Por outro lado, a falta de registros adequados pode ser interpretada como negligência ou omissão, mesmo que você tenha agido de forma ética e técnica.
Conclusão
Lidar com pacientes que insistem em ir embora contra a recomendação médica é desafiador, mas com os passos certos, você pode proteger a segurança do paciente e sua tranquilidade profissional.
Se você, médica(o), quer revisar seus processos, ajustar seus documentos ou tirar dúvidas sobre casos complexos, conte comigo. Juntos, podemos garantir que sua prática seja segura, ética e livre de problemas jurídicos.
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