O ginecologista pode ser responsabilizado por queimadura com ácido acético durante a colposcopia?
4/7/20252 min read
Recentemente, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) condenou uma clínica médica ao pagamento de indenização a uma paciente que sofreu queimaduras na região íntima durante a realização de um exame ginecológico.
A decisão tem gerado bastante repercussão – e não é por menos. Casos como esse acendem o alerta sobre a importância do cuidado redobrado em cada etapa de um procedimento, do preparo ao atendimento pós-exame, e reforçam como falhas aparentemente simples podem ter graves consequências jurídicas, éticas e humanas.
O que aconteceu?
A paciente se submetia a uma colposcopia, exame que utiliza ácido acético para auxiliar na visualização de alterações nas células do colo do útero. No entanto, segundo consta na decisão, o produto químico acabou atingindo áreas externas à região a ser analisada, provocando queimaduras e gerando intensa dor física e constrangimento à paciente.
A clínica foi condenada a indenizar a paciente em danos morais, e o caso serve como alerta para profissionais da saúde sobre os riscos associados à imprudência ou falha de protocolo durante procedimentos assistenciais.
Quais os aprendizados para médicos e clínicas?
Casos como este evidenciam pontos críticos que não podem ser ignorados na atuação de quem lida diretamente com a saúde e integridade física do paciente. Veja alguns dos principais:
1. Manuseio de substâncias químicas exige atenção redobrada
Produtos como o ácido acético devem ser aplicados com extremo cuidado. Ainda que o exame seja de rotina, qualquer descuido pode gerar complicações graves. Por isso, o uso de substâncias químicas deve sempre obedecer a protocolos rígidos e atualizados, evitando que áreas não indicadas sejam atingidas.
2. Comunicação clara com o paciente é essencial
Se algo sair do previsto durante o exame, é dever do profissional comunicar imediatamente o paciente, explicar o ocorrido, os riscos envolvidos e as providências que serão tomadas. Transparência é uma das chaves para manter a relação médico-paciente baseada na confiança — e para evitar que pequenos incidentes se transformem em litígios.
3. Prontuário médico bem preenchido protege você
Documentar corretamente o procedimento realizado, inclusive quaisquer intercorrências e a conduta médica adotada após o fato, é imprescindível. O prontuário é a principal ferramenta de defesa do profissional da saúde em casos de denúncia, processo ético ou judicial.
4. Treinamento contínuo da equipe faz toda a diferença
Manter a equipe atualizada sobre boas práticas, protocolos de segurança e atendimento humanizado reduz a chance de erros e fortalece a atuação clínica. Clínicas e consultórios que investem em capacitação demonstram compromisso com a excelência e com o cuidado ao paciente.
Conclusão
Este caso julgado pelo TJDFT deixa um recado importante: na área da saúde, detalhes fazem toda a diferença. Um descuido durante o exame, uma falha na aplicação de um produto ou uma documentação incompleta podem colocar em risco não apenas a saúde do paciente, mas também a reputação e o futuro profissional do médico ou da clínica.
Responsabilidade civil, ética profissional e segurança do paciente caminham juntas. Ficar atento a isso é um diferencial – e uma proteção para todos os envolvidos.
Se você é médico ou gestor de clínica e quer entender melhor como prevenir riscos legais no dia a dia da sua prática, acompanhe nossos conteúdos aqui no blog e nas redes sociais.