Meu diagnóstico foi errado, posso processar o médico?
10/24/20254 min read
No ambiente da saúde, a responsabilidade dos médicos vai muito além de tratar os sintomas apresentados pelos pacientes. Um atendimento médico de excelência requer uma investigação cuidadosa e a capacidade de identificar sinais que podem estar por trás de quadros aparentemente simples. A falta dessa atenção pode resultar em graves consequências para os pacientes e em processos judiciais que colocam a carreira dos profissionais em risco.
Um recente caso julgado exemplifica bem essa questão: um paciente receberá R$ 20 mil de indenização de três médicas e da Unimed, após ser liberado três vezes sem um diagnóstico adequado para a gravidade de sua condição.
O caso: uma sucessão de falhas no diagnóstico
Em dezembro de 2018, o paciente procurou o hospital devido a fortes dores abdominais. No primeiro atendimento, a médica diagnosticou gastrite e deu alta sem solicitar exames mais aprofundados. Dois dias depois, o paciente retornou ao hospital com as mesmas dores, mas uma nova médica, sem identificar a gravidade, repetiu a alta sem maiores investigações.
Somente na terceira vez, após novos exames solicitados por outra médica, foi descoberto que o paciente sofria de colecistite aguda, uma inflamação súbita da vesícula biliar causada por pedras. Essa condição exigia uma cirurgia de emergência, que só foi realizada após esse último atendimento.
Segundo o paciente, a falha no diagnóstico colocou sua vida em risco e lhe causou grande sofrimento físico e emocional. As médicas argumentaram que os atendimentos foram adequados e que seguiram os protocolos, mas o laudo pericial constatou que ele jamais deveria ter sido liberado nas consultas anteriores.
A importância de um diagnóstico cuidadoso
Esse caso destaca um aspecto crucial no exercício da medicina: a importância de uma investigação detalhada e de um diagnóstico preciso. O diagnóstico médico não é uma ciência exata e, muitas vezes, o quadro do paciente pode ser difícil de interpretar. No entanto, cabe ao médico não se limitar a conclusões precipitadas e garantir que todas as possíveis causas sejam investigadas, principalmente em casos de dor persistente ou sintomas atípicos.
No caso do paciente, a falta de exames mais detalhados nas primeiras consultas resultou em um agravamento da condição, que poderia ter sido tratada de forma mais rápida e segura. O tempo perdido nas idas e vindas ao hospital não apenas agravou o sofrimento físico, como também gerou grande frustração emocional.
A responsabilidade médica e as consequências legais
O laudo pericial, que foi decisivo para a condenação, destacou que a responsabilidade dos médicos vai além de seguir protocolos: é necessário adotar uma postura investigativa e comprometida com o bem-estar do paciente. A não realização de exames em um quadro de dor intensa e recorrente foi apontada como uma falha grave que poderia ter sido evitada.
A indenização de R$ 20 mil concedida ao paciente reflete o entendimento de que, em casos como esse, o atendimento insuficiente pode gerar graves consequências, tanto para o paciente quanto para a reputação do profissional e da instituição.
Como médicos podem evitar situações semelhantes?
Para os profissionais da saúde, o aprendizado que fica desse caso é a necessidade de atuar com excelência em cada consulta, principalmente diante de sintomas persistentes. Algumas práticas podem ajudar a evitar falhas como a que ocorreu nesse caso:
Atenção aos detalhes: Sintomas recorrentes ou persistentes merecem uma investigação minuciosa. Mesmo que pareçam comuns, a repetição ou agravamento pode indicar algo mais sério.
Solicitação de exames complementares: Quando há dúvidas ou falta de clareza no diagnóstico inicial, exames complementares podem fornecer informações cruciais para evitar erros.
Comunicação eficaz com o paciente: É essencial ouvir o paciente e considerar o histórico completo. Um bom diálogo pode revelar sinais que, à primeira vista, passam despercebidos.
Atualização constante: A medicina está em constante evolução, e a busca por atualização sobre novos protocolos e técnicas diagnósticas é fundamental para garantir um atendimento de qualidade.
Conclusão
A prestação de serviços médicos exige não apenas conhecimento técnico, mas também um olhar atento e cuidadoso para cada caso. Situações como a do paciente que recebeu indenização demonstram que a ausência de uma abordagem investigativa pode resultar em processos judiciais, que além de comprometer a saúde do paciente, podem colocar a carreira do profissional em risco.
Portanto, reforçar a excelência no atendimento desde o primeiro contato com o paciente é essencial para garantir a segurança de todos os envolvidos. Afinal, um atendimento médico de qualidade começa com a atenção e o cuidado em cada detalhe.
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